Esta entrevista foi feita a minha avó, de 58 anos residente em Évora. A entrevista foi realizada a cerca de 2 semanas.
Vivia no campo, onde não havia electricidade (rádio, frigorifico, televisão, etc.), não havia água canalizada, tinham que ir buscar água aos poços para tudo que fosse necessário, a roupa era lavada num tanque comum, que era utilizado por todos que moravam na quinta.
Não havia papel higiénico, tinham que se limpar com jornais que traziam das compras. O tecido era vendido ao metro e as próprias pessoas é que tinham que fazer a sua roupa e dos filhos.
Os pais trabalhavam no campo, nos trabalhos agrícolas, como por exemplo a mondar (tirar as ervas do trigo e da cevada). Iam aos bailes quase todos os Sábados, ao Domingo os rapazes iam visitar as amadas; quem tivesse janela era por la que namorava, quem não tivesse namorava sentado numa cadeira, com a mãe da amada ao pé que fingia estar a costurar para vigiar o namoro.
Quando estavam doentes iam ao médico a casa do povo, para onde os trabalhares descontavam uma cota, quando o problema era mais grave iam ao hospital. A alimentação era a base de carne de porco, do que depois eram feitos os enchidos, os ossos eram salgados para não se estragarem, o toucinho metia-se numa salgadeira para se manter em bom estado. Quem tivesse um pequeno espaço no quintal semeava produtos que depois servia para consumo próprio. Poucas vezes se comprava fruta, era um luxo que nem todos podiam ter. Só se bebia leite quando estavam doentes, e era comprado aos agricultores que tinham uma vaca ou ovelha. O leite nunca era comprado em grandes quantidades, muito pelo contrário. Iogurtes, manteiga e fiambre eram completamente desconhecidos. Presunto ouvia-se falar mas não havia dinheiro para tal. Era tudo feito a base de pão. Este que era muito mais barato que agora, custava 3escudos e 30centavos. Os cozinhados eram feitos em lume de chão ou nos fogareiros a carvão, só mais tarde apareceu os fogareiros a petróleo.
As pessoas por mais que quisessem economizar não conseguiam por que o ordenado era mínimo. As pessoas que ainda assim viviam melhor eram os pastores, vaqueiros, porqueiros por que tinham direito a ter uns quantos animais que quando eram mortos podiam ser vendidos e então recebiam mais esse dinheiro, mas tinham que andar dia e noite a ver dos animais, não tinham dias de descanso. As pessoas quando chegavam a velhotes não recebiam reformas, tinham que se governar com o que os filhos lhes podiam dar. Os sapatos e roupas de Inverno eram as mesmas do Verão. Quando queriam ir a cidade tinham que ir a pé ou aproveitar boleia de um vizinho que tivesse carroça. O transporte dos homens era a bicicleta e tinham que trabalhar de sol a sol.
21 de outubro de 2008
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